EMG de superfície para avaliação quantitativa da função motora: protocolo de avaliação para a pessoa com ELA

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Por Ana Paula Mendonça Fernandes, Débora Cristina da Silva Oliveira, Ledycnarf Januário de Holanda e Ana Raquel Rodrigues Lindquist

O sistema músculo-esquelético da pessoa com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é extremamente complexo, devido à grande variabilidade existente nos padrões de sinais biológicos, sendo necessário maior grau de especificidade no diagnóstico. Esta patologia apresenta-se como uma desordem neurodegenerativa dos neurônios motores, que pode causar limitação motora progressiva, fraqueza e atrofia muscular generalizada e irreversível, resultando em diminuição da funcionalidade e limitação para as atividades da vida diária (AVDs).

O comprometimento do movimento do membro superior (MS) impacta na redução da independência, destreza e preensão manual. Atualmente, a eletroneuromiografia é prática rotineira no eletrodiagnóstico da ELA, devido sua capacidade de extrair informações relacionadas a duração e amplitude dos potenciais de ação, o bloqueio de condução intramuscular e potenciais de fasciculação, no entanto, é um método invasivo e doloroso para os pacientes. Dessa forma, a eletromiografia de superfície (EMGs) se propõe como método alternativo não invasivo, usado para avaliar a atividade elétrica do músculo em diferentes estágios de déficit sensório-motor, tornando-se útil na identificação do seu grau de comprometimento, nível de fadiga, fasciculação, início e intensidade da ativação muscular e variação do movimento do membro, direcionando a uma terapêutica eficaz e individualizada.

Objetivos: Propor um protocolo de avaliação utilizando o EMGs como ferramenta para quantificação da atividade muscular do MS de pessoas com ELA, e correlacionar os dados obtidos com a fadiga e funcionalidade em diferentes estágios da doença.

Métodos: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, Campus Central Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CAAE: 25687819.3.0000.5537). O protocolo experimental será realizado com 10 saudáveis (grupo controle) e 10 pessoas com ELA (grupo experimental – GE), e contemplará os seguintes itens: dados sociodemográficos, clínicos e antropométricos; Adicionalmente, as pessoas do GE serão avaliadas quanto à funcionalidade (Amyotrophic Lateral Sclerosis Functional Rating Scale – Revised), fadiga (Fatigue Severity Scale) e ativação muscular através da EMGs. Os dados de EMGs dos músculos relacionados ao movimento de MS serão adquiridos durante a execução de 14 atividades pré-definidas, referentes ao repouso inicial e final, gestos e manuseio de objetos.

O TRIGNOTM Wirelless System, Delsys é um eletromiógrafo composto por 16 sensores híbridos de duplo diferencial ativo (frequência de amostragem – 1926 Hz), posicionados nos seguintes músculos de cada dimídio: trapézio inferior, deltóide anterior, bíceps braquial (cabeça medial), tríceps braquial (cabeça lateral), braquiorradial, e extensor radial longo do carpo, trapézio superior e abdutor curto do polegar. Resultados esperados: Espera-se que a EMGs seja uma ferramenta efetiva para avaliação quantitativa e objetiva da ativação muscular de MS e que, associada a escalas para avaliar a fadiga e funcionalidade da pessoa com ELA, possamos correlacionar dados a fim de extrair informações sobre aspectos motores que podem interferir no contexto de vida diária e funcionalidade da pessoa com ELA, de forma não invasiva.

Conclusão: Este estudo norteará a elaboração de um planejamento terapêutico individualizado, mediante a análise quantitativa da ativação muscular na ELA, que pode ser correlacionada ao nível de fadiga e funcionalidade destes pacientes, a fim de proporcionar métodos eficazes no diagnóstico e prognóstico.

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