A importância do cuidado nutricional na ELA

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Por Lúcia Leite Lais, nutricionista, professora da UFRN e pesquisadora do LAIS

Muitas pessoas com esclerose lateral amiotrófica (ELA) enfrentam ao longo do curso da doença falta de apetite, dificuldade para deglutição e aumento das necessidades nutricionais. Esses são alguns dos principais fatores que ocasionam baixa ingestão alimentar, perda de peso, deficiência de nutrientes, desidratação e desnutrição. Estudos têm demonstrado que a perda de peso e a desnutrição estão relacionados a pior da qualidade de vida e a menor sobrevida. Estima-se que a perda de 5% de peso corporal aumente o risco de morte de 14 a 30% em pessoas com ELA. Diante disso, o cuidado nutricional é parte fundamental da assistência multidisciplinar a essa população.

O cuidado nutricional para pessoas com ELA objetiva orientar uma alimentação balanceada, com quantidades adequadas de energia, proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e minerais. Essa alimentação deve ser variada, colorida, rica em alimentos in natura e minimamente processados, além de ter uma consistência adequada para uma deglutição mais segura. Ademais, deve estar em conformidade com as preferências e intolerâncias do indivíduo e sua condição socioeconômica. Uma adequada ingestão de água também faz parte do cuidado nutricional para evitar desidratação e prevenir, tratar ou minimizar complicações, como a constipação intestinal, por exemplo. Em alguns casos, o nutricionista pode indicar suplementos nutricionais orais, suplementos de vitaminas e/ou minerais, espessantes para alimentos líquidos e a gastrostomia, como via alternativa de alimentação para aqueles casos onde a ingestão via oral não é possível ou é insuficiente.

O cuidado nutricional deve ser um processo contínuo e dinâmico, com acompanhamento regular pelo menos a cada três meses. Dessa forma é possível que as intervenções sejam feitas conforme cada caso e conforme a evolução da doença. O cuidado nutricional deve estar atrelado a assistência da equipe multidisciplinar e ter o envolvimento ativo dos pacientes, cuidadores e familiares. Nesse contexto, a educação sobre nutrição na ELA deve ser estimulada e trará muitos benefícios as pessoas acometidas.

Referências:

Brito ANA, et al. Protocolo diferenciado para terapia nutricional na esclerose lateral amiotrófica. Rev. bras. ciênc. Saúde. 2014; 18(1):79-86.

Burgos R, et al. ESPEN guideline clinical nutrition in neurology. Clin Nutr. 2018;37(1):354-396.

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